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02/09/2022 - Brasil atualiza seu Plano de Vigilância contra Influenza Aviária e Doença de Newcastle

A Divisão de Sanidade das Aves do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) realizou uma nova atualização do Plano de Vigilância contra Influenza Aviária e Doença de Newcastle, visando fortalecer a prevenção e a manutenção do status de país livre dessas enfermidades, bem como garantir a certificação para acesso a novos mercados.

Conforme o médico-veterinário e auditor fiscal federal agropecuário da Divisão de Sanidade das Aves do Mapa, Bruno Pessamilio, foram revisados os cinco componentes do sistema de vigilância do Plano Nacional de Sanidade Avícola (PNSA), que compreendem vigilância passiva em aves domésticas, vigilância passiva de aves silvestres, vigilância ativa em avicultura industrial, vigilância ativa em propriedades de subsistência e vigilância ativa em compartimentos livres de Influenza Aviária e Doença de Newcastle. “Nosso objetivo com essas atualizações é que possamos colher mais amostras para termos dados estatísticos, embasados cientificamente, de forma a verificar e constatar se de fato essas doenças não estão no Brasil. Nós sabemos que o Brasil é um país livre de Influenza Aviária e da Doença de Newscastle, mas não basta dizer, é preciso comprovar realizando o monitoramento de amostras laboratoriais”, enfatiza Pessamilio.

A nova revisão objetiva fazer a detecção precoce de casos de Influenza Aviária e Doença de Newcastle nas populações de aves domésticas e silvestres, demonstração de ausência destes vírus na avicultura industrial de acordo com as diretrizes internacionais de vigilância para fins comerciais, além de monitorar a ocorrência de cepas virais da Influenza Aviária para subsidiar estratégias de saúde pública e saúde animal.

De acordo com Pessamilio, a medida em que são realizados novos estudos e avaliações, entende-se a importância de atualizar o Plano Nacional de Sanidade Avícola e de cada vez mais estar atento ao que acorre no mundo. “Entendemos que é sempre importante estar em um processo de melhoria constante, porque a epidemiologia das doenças muda. O que fazemos é monitorar o está acontecendo no restante do mundo, redefinindo novas políticas públicas. As atualizações do Plano de Vigilância é para intensificar ainda mais a vigilância e é uma forma de que caso uma doença entre no Brasil consigamos identifica-la e eliminá-la o quanto antes”, expõe.

O profissional destaca que existe uma inquietação muito grande de empresas do segmento quanto a prevenção de doenças aviárias, e por meio de uma parceria público-privada são definidas em conjunto com o órgão de Serviço Oficial estratégias para manter o setor produtivo livre de enfermidades. “É uma parceria público-privada muito importante para definirmos ações conjuntas. As empresas privadas têm corpos técnicos muito bons, que estudam, avaliam cada proposta, e quando conseguimos juntar todas essas informações que as empresas estão gerando junto com o que desenvolvemos, conseguimos propor melhorias abrangentes para garantir a proteção do país contra esses vírus”, salienta o auditor fiscal federal agropecuário.

Ações fomentadas pelo PNSA

O PNSA é composto por uma série de diretrizes e normativas que vão definir quais são as principais regras e políticas públicas para criação de aves no país, as quais vão nortear as ações estratégicas para prevenção e controle de doenças aviárias no plantel nacional. “O objetivo do PNSA é controlar e erradicar as principais doenças de importância para a avicultura e à saúde pública, além de viabilizar ações que permitam a certificação sanitária dos produtos brasileiros que, ao atestar sua qualidade, permite que sejam exportados para mais de 150 países”, salienta.

Pessamilio enfatiza que o PNSA foca suas estratégias na verificação constante da situação sanitária dos planteis nacionais, tanto clínica quanto laboratorial. Outra ação desenvolvida é a fiscalização da entrada de produtos avícolas – aves vivas, ovos férteis, carne in natura – em portos e aeroportos brasileiros. “Todas as cargas são inspecionadas, sendo verificado se o produto atende as condições sanitárias do Brasil para então liberar sua entrada no país”, afirma, acrescentando: “O PNSA atua fortemente definindo padrões de biosseguridade para funcionamento das granjas, ou seja, não basta o produtor abrir um aviário, é preciso adotar uma série de critérios de biosseguridade, tanto em questões estruturais – com uso de telas, cercas, vedação do estabelecimento para evitar entrada de insetos e pragas etc -, como também adotar procedimentos de biosseguridade como desinfecção de veículos, controle de entrada de pessoas na granja, desinfecção de equipamentos, entre outros”, aponta Pessamilio.

Cenário de doenças aviárias no Brasil

Conforme o auditor fiscal federal agropecuário, a Influenza Aviária nunca foi detectada em território nacional e a Doença de Newcastle teve em 2006 suas últimas ocorrências em aves de subsistência, ou seja, o país é livre desses vírus. “O Brasil mantém um status sanitário muito bom em relação às principais doenças que causam grandes impactos econômicos”, afirma.

Com circulação no Brasil e em quase todos os países de produção avícola, as doenças endêmicas de Salmoneloses e Micoplamoses apresentam baixo índice de notificação no país. “Os tipos mais comuns de Salmonella Enteritidis e Salmonella Typhimurium, responsáveis por metade de todas as infecções humanas, são eventualmente identificadas em alguns lotes; e as Micoplamoses, bactérias que causam infecções do trato respiratório, urogenitais e articulatórios das aves e envolvem ações sanitárias restritivas no plantel como sacrifício dos animais, tem cada vez diminuído mais as ocorrências”, evidencia o profissional, ampliando: “Para essas doenças endêmicas procuramos sempre manter o estado de atenção, vigilância constante para poder agir prontamente quando identificadas”, ressalta.

Cenário internacional

Atualmente, a Influenza Aviária tem causado o maior número de surtos no mundo, com casos reportados por mais de 10 países somente em 2022. Conforme o auditor federal, é uma doença que tem um comportamento cíclico, com épocas em que diversos países notificam casos e com períodos de certa estabilidade. No entanto, no Brasil as ações seguem sendo intensificadas para garantir que esse vírus não ultrapasse a fronteira sanitária.

“Como qualquer país do mundo, precisamos manter sempre o estado de atenção constante, não é porque estamos livres que podemos baixar a guarda, pelo contrário, é preciso intensificar sempre as barreiras sanitárias, adotar medidas de controle sanitário cada vez mais rígidas nas granjas para que possamos estar cada vez mais protegidos desta doença”, frisa Pessamilio.

Com potencial de causar grandes prejuízos econômicos se for detectada na avicultura industrial, o médico-veterinário destaca que o Mapa trabalha visando evitar que a doença entre no Brasil e caso entre que não atinja as granjas industrias. “Em sistemas de confinamento há muitas aves alojadas por metro quadrado, então se vírus da Influenza ou qual outro atinja essa população a propagação pode ser muito mais rápida, com uma densidade maior de animais, levando ao sacrifício de aves, gerando um impacto econômico, como a restrição de mercados. Por isso mantemos os produtores sempre em estado de alerta. Enquanto a Influenza Aviária tiver uma projeção mundial forte não podemos baixar a guarda”, reforça Pessamilio.

Desafios

O auditor federal é enfático ao dizer que o principal desafio sanitário para impedir a entrada de doenças aviárias em solo brasileiro é realizar medidas preventivas por todos os elos do setor produtivo, assumindo uma responsabilidade conjunta em que todos promovem ações para garantir a sanidade avícola brasileira. “O que a gente precisa é manter as ações sendo revisadas, em dia, não podemos relaxar”.

Revisão do PNSA

Pessamilho destaca que a Divisão de Sanidade das Aves está em um processo de revisão das normativas de sanidade avícola, porque entende que é importante estar sempre se modernizando. A avicultura é um setor muito dinâmico, sempre com novos conhecimentos, muitas pesquisas e desenvolvimento de novas ferramentas e técnicas. “Esperamos que ainda este ano ou no início de 2023 consigamos atualizar diversos atos normativos, com conceitos cada vez mais modernos, atuais, levando em consideração novas descobertas científicas, para manter uma normativa cada vez mais atual, não só do ponto de vista técnico, mas no sentido de termos normativas operacionalmente viáveis, tecnicamente corretas e que consigam uma eficiência maior para controlar e erradicar essas doenças”, enaltece.

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Fonte: O Presente Rural

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