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03/03/2024 - Brasil registra três novos focos de gripe aviária e chega a 158

Casos foram confirmados em aves silvestres no Espírito Santo e Rio de Janeiro. Não há registros da doença em granjas comerciais

 

O Brasil registrou mais três casos de gripe aviária em aves silvestres, no sábado (2/3). Todos são de alto potencial transmissivo (Influenza Aviária de Alta Patogenicidade - IAAP) e foram encontrados em pássaros da espécie trinta-réis-boreal. Um dos focos ocorreu em Piúma (ES). Os outros dois, nos municípios fluminenses de São João da Barra e São Francisco de Itabapoana.Os dados são do Ministério da Agricultura. São João da Barra chegou a sete focos de gripe aviária. O município é, ao lado de Vila Velha (ES), o que tem mais registros no país. Depois, aparecem Bertioga (SP), Itanhaém (SP), Santos (SP) e São Sebastião (SP), com seis cada.

O país chegou a 158 casos, 155 em aves silvestres e três em aves de criação para subsistência desde 15 de março, quando foi detectado o primeiro no território nacional. Até o momento, o sistema do Ministério da Agricultura não tem registro de infecção em granjas comerciais, que pode ter efeitos negativos para a produção e o comércio de carne de aves no Brasil.

O que é a gripe aviária?
A gripe aviária é uma doença altamente contagiosa, causada por variantes do vírus Influenza. Atualmente, grande parte dos casos de alto potencial transmissível no Brasil e em outras partes do mundo é da cepa H5N1. A doença pode atingir tanto aves silvestres quanto domésticas e planteis de criação, além de mamíferos. O ser humano também pode contrair, embora seja mais raros.

Notificada pela primeira vez em 1878, na Itália, a praga aviária, como era conhecida na época, só foi classificada como Influenza A em 1955. O primeiro relato de contágio pela variedade H5N1 ocorreu em 1997, em Hong Kong. O Brasil, até 15 de março de 2023, nunca havia registrado focos da doença.

Como se transmite a gripe aviária?
Os principais vetores são aves migratórias. Pássaros silvestres aquáticos, como patos, marrecos, gansos e cisnes, são hospedeiros naturais do vírus. O meio de transmissão mais comum para aves domésticas é o contato com animais infectados ou secreções, como fezes e fluidos corporais.

Água e objetos contaminados também podem passar a doença. Nos poucos casos de infecção humana de que se tem registro, o contágio se deu pelo contato direto com animais doentes ou com ambientes contaminados.

Quais são os sintomas da gripe aviária?

  • Problemas no sistema nervoso e de coordenação motora, como andar cambaleante;
  • secreções pelo nariz e olhos;
  • tosses e espirros;
  • menor produção de ovos (em aves de postura);
  • mortes de aves em larga escala.

Se a gripe aviária atingir uma criação comercial, o que pode acontecer?
Países que notificam surtos de gripe aviária altamente patogênicos enfrentam barreiras sanitárias que limitam a comercialização nos mercados interno e internacional, com prejuízos à avicultura comercial, seja a de corte (para carne) seja a de postura (para a produção de ovos).

No Brasil, como os registros feitos até este momento foram em aves silvestres, pelas regras internacionais, ainda fica mantido o status de livre de gripe aviária. Desta forma, a avicultura brasileira vem mantendo sua atuação nos mercados globais, com médias elevadas de exportações, de acordo com dados do setor.

A sanidade dos plantéis brasileiros tem sido argumento recorrente como diferencial de competitividade no mercado global. No entanto, a detecção de um foco de gripe aviária em plantéis comerciais brasileiros teria um peso grande, considerando que o país é o segundo maior produtor e maior exportador mundial de carne de frango.

Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que representa a cadeia produtiva no Brasil, no mercado interno, a consequência seria restrição de trânsito e comércio de aves e subprodutos na região do estabelecimento onde a doença foi detectada, com efeitos no quadro de oferta e demanda. No mercado externo, poderia haver restrições ou bloqueio de comércio.

Como prevenir as criações contra a gripe aviária?
A zootecnista da Emater Santa Maria (RS), Laila Ribeiro Simon, explica que o principal é evitar o contato dos plantéis de criação com aves silvestres. Ela enumera algumas medidas a serem adotadas nas granjas.

  • Planteis que integram um sistema de produção em que ficam soltos devem passar a ser confinados;
  • o galpão destinado ao criatório deve ser telado, com revisão constante das condições das telas;
  • monitorar o comportamento das aves de criação. Qualquer ocorrência ou morte sem explicação aparente deve ser notificada;
  • a circulação de pessoas na área das granjas deve ser evitada ao máximo. Mesmo o acesso de técnicos e extensionistas deve ser feito apenas quando estritamente necessário;
  • manter limpos comedouros e bebedouros nas áreas dos criatórios.

“É um vírus que causa alta mortalidade. Mais importante do que detectar a chegada do vírus é prevenir a chegada. Quanto mais trabalhar na prevenção, mas vai retardar a chegada da gripe aviária”, afirma.

Identificada a gripe aviária, que medidas adotar?
A Organização Internacional de Saúde Animal recomenda adotar medidas como isolamento e vigilância da região afetada, abate sanitário, desinfecção e monitoramento de outras localidades suscetíveis em uma área demarcada pelas autoridades.

Se um criador de aves detectar alguma situação suspeita, como uma ave morta sem explicação aparente, deve isolar o local e comunicar as autoridades sanitárias imediatamente.

Fonte: Globo Rural
Créditos da Imagem: Wikimedia Commons

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