+55 (51) 3228-8844
coesars@coesars.com.br

08/07/2025 - O impacto dos inibidores de tripsina no desempenho zootécnico e estratégias de mitigação através de nutrição inteligente

Os inibidores de tripsina (IT) são fatores antinutricionais presentes na soja e em outras leguminosas, impactando negativamente o desempenho das aves. Os principais desafios na formulação de dietas incluem a variabilidade na concentração desse fator no farelo de soja, que varia conforme as condições de processamento térmico. Os lotes de farelo inadequadamente processados podem conter níveis elevados de IT, reduzindo a disponibilidade de aminoácidos essenciais e afetando a conversão alimentar. Isso exige monitoramento constante das matérias-primas e ajustes nas formulações.

Na avicultura, o impacto desse antinutriente ocorre, principalmente, na redução da digestibilidade das proteínas ao interferirem na atividade da tripsina, uma enzima essencial para a digestão de aminoácidos. Esse efeito resulta em menor ganho de peso e pior conversão alimentar nas aves. Estudos demonstram que para cada 1 mg/g na concentração de IT, a digestibilidade dos aminoácidos reduz em 2% para lisina, 3,7% para metionina e 3,4% para treonina. Essas reduções afetam diretamente a eficiência alimentar e o crescimento das aves.

Outra pesquisa reforça essa relação e avalia a suplementação com proteases como alternativa para mitigar os efeitos negativos dos IT. As aves alimentadas com farelo de soja contendo 4,24 mg/g de IT apresentaram redução na digestibilidade de lisina, metionina e treonina. No entanto, a suplementação com protease melhorou significativamente a digestibilidade desses aminoácidos, aproximando-se dos níveis ideais para melhor desempenho.

Um estudo de 2022 quantificou a perda de desempenho associada ao aumento dos IT na dieta. Os resultados indicam que, para cada 1 mg/g de IT reduz 16,5 g no ganho de peso e aumento de 15 g na conversão alimentar. Esses resultados reforçam a importância do controle dos IT na nutrição de frangos de corte. Dessa forma, estratégias como o processamento térmico adequado da soja e o uso de proteases exógenas podem ser adotadas para mitigar esses impactos negativos.

A definição de níveis seguros de IT na dieta também é um desafio, pois os impactos podem variar conforme a idade das aves e a composição da dieta. O limite máximo recomendado é <3,5 mg/g de IT na soja. O uso de proteases exógenas tem se mostrado eficaz para melhorar a digestibilidade proteica em dietas com níveis moderados de IT, como demonstrado por estudiosos.

Como forma de minimizar os impactos, o avicultor precisa estar atento aos animais na granja, realizando todos os manejos com excelência e observando diariamente a qualidade das fezes das aves que é um ótimo indicativo da integridade intestinal, que é essencial para a absorção eficiente dos nutrientes e para o desempenho zootécnico. A otimização dessa barreira depende de estratégias nutricionais inteligentes, controle da microbiota e manejo adequado.

Como os IT reduzem a digestibilidade proteica, gerando sobrecarga proteica no intestino delgado, favorecem o crescimento de patógenos, como E. coli e Clostridium perfringens, acelerando a taxa de passagem do alimento pelo trato gastrintestinal. Isso resulta em menor eficiência alimentar, pois parte dos aminoácidos e da energia da dieta pode ser excretada sem ser aproveitada pelo animal.

Suplementação com proteases
Um pesquisador demonstrou em um dos seus estudos que a modulação da microbiota intestinal por meio da suplementação com proteases reduziu significativamente a população de E. coli e aumentou a colonização por Lactobacillus no intestino, reduzindo a inflamação intestinal e aumentando a digestibilidade.

Existem diversas tecnologias nutricionais disponíveis para mitigar os efeitos dos IT. As proteases exógenas têm se mostrado coma a ferramenta mais eficaz para compensar a inibição enzimática e melhorar a eficiência alimentar. Seus benefícios incluem a complementação da ação da tripsina, degradação dos IT, maior absorção de aminoácidos essenciais, redução da fermentação proteica indesejada, regulação da taxa de passagem intestinal e melhoria da conversão alimentar e ganho de peso.

Além disso, um teste in vitro de eletroforese de 2025 confirmou que diferentes proteases possuem níveis variados de eficiência na degradação dos IT. Uma enzima do mercado foi capaz de degradar entre 50% e 65% do inibidor de tripsina Bowman-Birk (BBTI), enquanto outras proteases degradaram no máximo 23%. Esses dados reforçam que a escolha da protease tem impacto direto na redução dos IT e consequente melhoria da digestibilidade proteica.

Os IT representam um desafio significativo em termos de nutrição animal, reduzindo a digestibilidade proteica e comprometendo o desempenho das aves. No entanto, estratégias nutricionais como a suplementação com proteases exógenas para degradar os IT presentes na soja, podem mitigar esses impactos. A escolha da tecnologia nutricional adequada é fundamental para otimizar a eficiência alimentar e garantir melhores resultados na produção avícola.

Fonte: O Presente Rural

Créditos de Imagem: O Presente Rural

Galeria de fotos
Sem título